sábado, 23 de outubro de 2010

Oração do jornalista

Editor nosso que estais no 11º andar, santificada seja nossa pauta.
Venha a nós o vosso salário, e seja publicada nossa matéria, assim na capa como o suplemento.
A folga nossa nos dai hoje. E perdoai nossas calúnias, difamações e injúrias.
Mas livrai-nos da censura e do plantão do final de semana . Amém!

Um domingo que aproximou o Haiti de Campo Grande

 

Ao som da "Canção do Expedicionário" familiares se
despediam de seus heróis rumo ao Haiti
(foto de Beatriz Cruz)
 Após o toque de silêncio, ao som da “Canção do Expedicionário”, militares do Exército e Fuzileiros Navais partiram em missão de paz para o Haiti. A solenidade ocorrida na manhã do domingo 15 de agosto emocionou até os que estavam apenas de visita na Base Aérea de Campo Grande. Familiares e amigos foram se despedir dos que estavam embarcando rumo a esta missão.
Noventa militares brasileiros, sendo a maioria sul-mato-grossense, marcharam rumo à aeronave KC 137 da Força Aérea Brasileira que seguiu para Brasília onde embarcaram mais 16 homens que complementaram o batalhão de 810 militares.
Há os que se inscreveram para a missão por um ideal, outros pelo dinheiro, alguns por sonho, para se humanizar, para entrar para a história e fazer a diferença em um país necessitado de toda ajuda possível.
 “Entrei para o Exército para realizar o sonho de ir para Haiti, pois sempre tive o desejo de ajudar pessoas vítimas de catástrofes”, declara o sargento Bruno Souza Cruz, 28 anos.
Sua irmã Luzia Helena Cruz, artesã, 41 anos, diz estar orgulhosa pela coragem de seu irmão caçula, mas ao mesmo tempo preocupada com a situação do país e do que possa acontecer a ele enquanto estiver no Haiti. “No começo achei uma loucura, mas fui acostumando com a idéia e alegria de ser o sonho do meu irmão realizado passou a ser a minha realização também”, diz Luzia.
Lídia de Lima Maymone, mulher do major Marcelo Maymone, 36 anos, emocionada conta como está sendo esses primeiros dias em que o marido está em missão pelo Haiti. “Quando anoitece é o momento mais complicado, pois é a hora que as meninas chegam do colégio e a hora em que o expediente acaba e ele volta pra casa. Sentir as horas passar e ver que ele não irá voltar nem hoje, nem amanhã e nem depois, só daqui a seis meses, parte o coração”. A família Maymone diz para a caçula que seu pai foi para a Disney, Danielle Maymone, cinco anos, muito apegada ao pai, pergunta constantemente quando ele volta da Disney. Marcelle Maymone, 12 anos, filha mais velha do casal, diz sentir muito orgulho do pai e sentir muita falta dele.
Lídia e as filhas do casal acompanharam os seis meses de treinamento pré-viagem e o apoiaram desde o início, pois Lídia diz sentir-se parte disso como se ela estivesse em missão junto ao marido, para ela a família estar bem é um incentivo para eles permanecerem lá no Haiti.
O quartel do Exército e o da Aeronáutica trabalharão com a orientação para os familiares, disponibilizando acompanhamentos de psicólogos e a comunicação Haiti – Brasil.


Reconstrução do Haiti
No dia 12 de janeiro de 2010, o Haiti foi vítima de uma catástrofe natural - um terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter. Estima-se que metade das construções foi destruídas, 250 mil pessoas foram feridas, um milhão de habitantes ficaram desabrigados e até o dia 20 de janeiro, havia mais de 78 mil óbitos, no entanto, o número de mortos pode chegar a, aproximadamente, 120 mil.
A situação no Haiti é degradante. Grande parte da população do bairro dorme no chão, em frente aos seus barracos, por causa do calor ou pelo temor de novos abalos sísmicos. É na rua também que tomam banho com a água disponível dos esgotos, a mesma que utilizam para cozinhar suas refeições. O cheiro de queimado, característico da capital, devido às lamparinas comumente usadas para fornecer a luz que o Estado não oferece, se mistura com o odor pútrido e pungente do esgoto a céu aberto. O clima de guerra é constante entre gangues para conseguirem algum alimento. Devido a tanta barbárie que o povo haitiano já passou, eles perderam a sensibilidade do certo e do errado.
O tenente Gaia do CMO (Comando Militar do Oeste) explica quais funções o 13º Contingente de Missão de Paz realizará nestes próximos seis meses. “As funções consistem em missão de paz, na reconstrução do Haiti e na segurança – onde as tropas atuarão na proteção de instalações e autoridades, vigilância e patrulhamento de ruas. Na área da engenharia existe a limpeza, a coleta de lixo e de destroços, desobstrução de ruas, construção e reforma de algumas edificações (creches e escolas), construção de pontes, etc. Além disso, terão a missão de conduzir as eleições do dia 28 de novembro.”

(Beatriz Cruz - agosto 2010)