sábado, 12 de março de 2011

O amor à arte que ultrapassa o preconceito


Na década de 1960, nos Estados Unidos da América, houve uma revolução artística por um ideal de paz para os países em guerra: amor, desprendimento do materialismo e total liberdade de expressão. Esse movimento foi caracterizado de "Movimento Hippie".
Cinquenta anos após o apogeu desse movimento, ainda pode-se encontrar por aí, incluindo no Brasil, pessoas que levam o estilo de vida e o mesmo ideal que os hippies.
Vistos pela sociedade como bandidos, vivem do seu artesanato e de sua arte em geral. É o caso de André, conhecido por seus amigos como Tuia, que trabalha fazendo bijuterias. Tuia diz que não existe mais comunidade hippie e se denomina um “Maluco de Br”, “paz e amor, hoje em dia é apenas nas fotos”, explana Tuia.
Tuia nasceu em Santa Catarina e já viajou pelo Brasil inteiro, acreditando na filosofia hippie, fez desse modo de viver uma opção. Ele afirma que as pessoas têm preconceito com quem escolheu ser hippie e tenta  sobreviver na sociedade. “Por vivermos na rua, e não nos importarmos com a nossa aparência, pensam que todos os "Malucos de Br", por vivermos de estrada em estrada, somos drogados e que não tomamos banho, as pessoas fogem de nós como se fossemos roubá-las, sendo que só queremos mostrar a nossa arte. Somos seres humanos como qualquer um”, disse Tuia indignado.
Tuia vive de trocas de materiais e das sementes e penas que acha pelo mato. Já trocou seu trabalho por prato de comida e local para dormir. Ele diz que o que ganha com as vendas dá para sobreviver.

André "Tuia"

Leonardo Amaral, 20, acadêmico de Matemática da Unicamp, acha a forma de vida hippie muito inspiradora, e disse que se tivesse coragem em um momento de impulso viveria com um hippie sem problemas. “Os hippies passam uma imagem de coragem e liberdade, gostaria de viver de lugar em lugar como eles, eu acho legal essa ideologia, a filosofia de vida deles”, disse Leonardo, que completa dizendo que acha que hippie não é necessariamente viver de artesanato e dormir na rua, é arrumar um emprego comum como qualquer outro para se sustentar em devida cidade, para assim mudar para outra.
Marcella Christina, 21, tecnóloga, diz que acha o estilo de vida hippie sujo e que não teria coragem de ser como eles.  “Gosto do artesanato, pois é uma forma de ganhar dinheiro de forma honesta no dia a dia. Não julgo como vivem, mas é algo que não levaria para mim, acho o estilo livre dos paradigmas sociais e as com condições de higiene precária”
Ailton Planta, 38, carioca, diz ser artesão desde criança. Planta viajou pelos vinte e sete estados do Brasil e por mais seis países da América Latina. “Viajo há 22 anos em busca de conhecimento, vou de carona mesmo”, disse Planta.
Planta tem um vasto conhecimento sobre arte em geral, já trabalhou com pintura em tela e escultura. Hoje pinta em azulejos, reproduz fotos, paisagens e suas próprias criações. Planta se denomina um “Macunaíma”, pois é um canibal cultural, “o que eu ganho com a minha arte dá para sobreviver, o ruim é a falta de liberdade de expressão que tenho”, disse inconformado.
"A lei passa em cima da arte, a Constituição diz que devem ter liberdade, mas a prefeitura proíbe de expor meus trabalhos e fazer disso um ganho. Mas pela arte e pela nossa filosofia, estou disposto a isso", finaliza Ailton Planta.

 Ailton Planta

Um comentário:

  1. Eu também gostaria de viver como HIPPIE, já tive esse sonho, mas faltou coragem e a vida de responsabilidades acabou me atropelando...
    Mas quem sabe um dia ainda não ponho a mochila nas costas, e saio por ai "sem lenço e sem documentos".

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