quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Flores Guerreiras


Dizem que na vida temos que fazer três coisas: plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Já plantei um pé de amora, escrevi um livro, agora só falta ter um filho (daqui a alguns anos, hehehe).

O livro - produto do meu TCC - conta a história de sete mulheres que venceram o câncer de mama, e tem por objetivo ajudar mulheres no combate ao câncer.

Quando abracei o tema do meu TCCnão o vi apenas como um trabalho que eu tinha que tirar nota alta para conseguir o meu diploma, o vi como uma causa. Quando eu comecei a estudar o tema, percebi que já participava de  algumas campanhas contra o câncer de mama e que isso era ativo em minha vida. Vesti a camisa da campanha e mergulhei de cabeça no assunto. Me apaixonei pelo tema e tenho por objetivo levar este livro para muitas mulheres - desejo que as histórias contadas nele, ajudem diversas mulheres.

O livro que conta a história de mulheres que tiveram o câncer de mama e venceram, que o superaram – um livro que mostrasse diversas formas de passar pela doença.A ideia do livro é contar como foi para essas sete mulheres - que são denominadas como flores que cada uma escolheu para si - o momento do diagnóstico até o momento atual.


As flores

Cada mulher do meu livro, é uma flor - uma flor guerreira!

No primeiro dia de entrevista – 22 de outubro de 2012 – defini um padrão que iria levar para as próximas seis entrevistas que estavam por vir, e o segui. Na minha bolsa levava o que eu chamo de “kit jornalístico”, que continha meu gravador, por segurança, um jogo de pilhas, minha câmera para se possível registrar o momento, um bloquinho e anotações, duas canetas – caso uma falhasse -  disposição, sorriso e vontade de praticar o que aprendi ao longo do curso de Jornalismo.

Devo confessar que não fiz um planejamento de pauta com seis perguntas guias ou algo parecido, eu defini o seguinte na minha cabeça: Um pedido e uma conversa para onde o rumo levar. Ao chegar à casa das mulheres a serem entrevistadas, perguntava se haveria algum problema em gravar e anotar, nenhuma delas se opôs. Algumas vezes a conversa foi bem direta, outras demoraram a chegar ao assunto. Houve aquela que falou sobre gatos, outra sobre viagens, outra sobre crochet e me levou para ver seu pé de maracujá, uma falou sobre seus cachorros, as conversas variavam até chegar à entrevista. Quando chegava a hora de falar sobre o câncer, eu explicava a idéia e o ideal do livro e pedia para me contarem como foi do momento que descobriram o câncer até a fase atual, contarem o que mudou e como se sentiram e como se sentem.

Durante o tempo que as flores me contavam suas histórias, o gravador captava tudo enquanto eu anotava no bloquinho os tópicos que julgava mais relevantes para serem contados no livro. Conforme os acontecimentos eram narrados, eu já imaginava como ficaria cada história passada para o papel.

Cada história uma luta diferente, conversas que duraram três horas e outras que duraram dezenove minutos. Histórias que me fizeram chorar e admirar essas mulheres. Houve aquela que eu gravei em quatro partes, pois houve algumas partes que pedia para eu não gravar e para não ir para o livro. Houve, ainda, outra que me pegou de surpresa e me perguntou como uma acadêmica de Jornalismo,  como eu, via a internet como meio de divulgação onde qualquer homem comum, sem nenhuma propriedade ou conhecimento acerca do assunto,  disponibiliza uma notícia em uma rede social, como eu via a questão do diploma e como me sentia com isso. De repente, o papel se inverteu e eu me vi como sendo a pauta e a entrevistada, pois a fonte fez as perguntas e eu, como a repórter buscando a história para o meu livro, me vi defendendo o diploma com unhas e dentes e me vi apaixonada pela profissão e empolgada contando, respondendo todas as perguntas como se estivesse dando uma aula de coisas que aprendi ao longo do curso e na prática.

Quando cheguei à minha quarta fonte, percebi algo que encarei como um problema. Até aquele momento só havia entrevistado mulheres com uma boa condição social, algumas com uma ótima condição, que pagaram o tratamento e tinham carro sempre à disposição. Histórias lindas que acrescentam muito ao livro, mas estava faltando algo. Estava faltando a história mais próxima à realidade da maioria, a história de mulheres que pegam ônibus e não têm condições de pagar o tratamento.

Na RFCC, me passaram exatamente a história que precisava – a história da mulher que vive com um salário mínimo, fez o tratamento pelo SUS e pega no mínimo dois ônibus para chegar ao centro da cidade. Senti-me realizada, com ar de missão cumprida. Terminei todas as entrevistas da forma como eu queria, com mulheres ricas, classe média, pobres, jovens, idosas, caucasianas, negras, magras e acima do peso, mas todas com algo em comum, todas são flores que tiveram o câncer de mama e lutaram até vencerem essa doença.


Diagramação





A capa e a diagramação foram confiadas à designer gráfica Marília Bruno.

Marília Bruno diz ter tirado a ideia da capa do próprio título do livro – Flores Guerreiras. “Fiquei viajando na palavra flores e mulheres. Então pesquisei camafeus, pois queria uma silhueta. Assim a mulher pode ser qualquer mulher, independente da etnia”, completa.

O objetivo da designer era uma capa sem rosto, onde a mulher não fosse identificada, justamente para todas as mulheres se identificarem e se verem no lugar da capa.

A diagramação das páginas do livro foge do traço lúdico de Marília Bruno. As gravuras foram tiradas de livros de botânica, mostrando a anatomia das flores. Para a designer, a analogia é feita quando é pensado na flor como ideia de dissecar a história da mulher. Para Bruno faz sentido comparar a anatomia botânica com a da mulher e suas raízes.






Qual o motivo do título “Flores Guerreiras”?

As mulheres são como flores, são delicadas, perfumadas, cada uma tem seu jeito diferente e desabrocham à sua maneira. Mas o que essas flores, que um dia irão murchar ou que podem simplesmente serem arrancadas do pé, têm a ver com guerreiras? Essas mulheres representadas nas flores, lutaram contra a segunda doença que mais mata no Brasil, e a primeira no ranking feminino, lutaram e venceram, não se deixaram murchar, não se deixaram serem arrancadas, e quando uma pétala foi tirada, aprenderam a viver sem essa pétala, sem desistir de viver.

Todas as flores desse jardim são guerreiras, todas!



Eu não consigo descrever em palavras a EMOÇÃO de ver um trabalho como esse pronto. De levar adiante essa causa. É algo imenso, é uma realização, é algo que quero levar para frente.






Para acompanhar as atualizações sobre o projeto, bastar curtir a página do facebook sobre o livro.


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