“Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da Eternidade e saio da vida para entrar na história.” São as últimas linhas da romântica carta composta por uma bela poesia escrita pelo Presidente da República Getúlio Vargas. A carta conhecida como “a Carta-testamento”, foi lida na rádio para todo o Brasil logo após o suposto suicídio do Presidente. Essa Carta é um documento agressivo, desafiador, praticamente triunfante. É um grito de guerra, uma conclamação ao povo para que leve adiante a luta de sua libertação iniciada por ele, Getúlio Vargas. A morte não é vista como derrota, mas como sacrifício redentor, como bandeira de luta e incentivo para o povo brasileiro continuar em frente.
Muitos viram a morte de Vargas como uma vitória, outros como uma fuga. Houve aqueles que choraram e se desesperaram, houve muitos que aplaudiram. O Brasil ficou de luto e questionou-se se realmente o Presidente da República, oprimido pelos militares, pressionado para abdicar seu governo, havia realmente tirado sua vida para entrar para a história – logo após seu memorável discurso no qual ele exclama que apenas sairia morto do poder – ou havia sido assassinado.
Há uma segunda carta, conhecida como “a Carta de Despedida”, é um agradecimento aos amigos e aos inimigos, com um tom de cinismo. Dizendo que apenas Deus sabia de todo o seu sofrimento e toda sua amargura, se oferecendo como ovelha a ser sacrificada para aplacar a ira dos fariseus. Getúlio Vargas encerra a carta dizendo que a resposta do povo viria mais tarde.
A resposta, a revolta, o luto chegaram apressadamente, mas a dúvida de que ele havia entrado para a história após ter cometido suicídio ainda paira no ar. Sendo pauta de muitas pesquisas, o tema “Getúlio, suicídio ou assassinato?” ainda é grande fonte de debates, teses e pesquisas. É uma verdade sem um grau de absoluto, é uma verdade sem provas, com apenas uma colt 32 com cabo de madrepérola na mão direita do Presidente morto. Se foi colocada? Ninguém sabe e ninguém viu.
Apenas de uma coisa o Brasil pode ter absoluta certeza: O Digníssimo Presidente da República Federativa do Brasil, Vossa Excelência Getúlio Vargas, fez história em vida e fez de sua morte um enigma futuro. Ele entrou para a história assim que colocou a Faixa presidencial no ano de 1930.